O enterro da minha amante.

O ENTERRO DA MINHA AMANTE.

Não tinha como não ir.
Eu não podia ir.
Eu não podia estar ali.
Ninguém imaginava o que ela representava para mim.
Não podia chorar.
Eu não podia estar ali.
Não podia dar um ultimo beijo, naquela boca, que muitas noites no meu corpo percorreram.
Não podia acreditar que aquele corpo quente e sedutor estava ali sem vida.
Não podia chorar.
Eu não podia estar ali.
Ela é uma estranha.
Aquele corpo frio, duro.
Não deveria significar nada.
Eu via aquelas pessoas chorando sofrendo, todas com alguma ligação com aquela mulher que eu só conhecia na minha cama.
Eu não podia chora.
Eu não podia estar ali.
Nunca jantamos, almoçamos tomamos café, ou sentamos num barzinho, para conversar.
Apesar de anos nos encontrando em motéis, ninguém nunca nos vira juntos.
Nosso amor ficou escondido em mensagens de celulares e raras ligações.
Eu não podia chora.
Eu não podia estar ali.
 Eu estava fazendo ali, no velório de uma estranha com os olhos entumecidos e com um nó na garganta.
Quando o corpo foi levado, minhas pernas perdera a força.
Eu não podia chorar.
Eu não podia estar ali.
 E eu não pude acompanhar o enterro de minha amante.

O ENTERRO DA MINHA AMANTE

POR ARANHA NOGUEIRA 

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